A ONU calcula que, dentro de 25 anos, 2,8 bilhões de pessoas viverão em regiões de seca crônica. Durante o Habitat 2, a Conferência das Nações Unidas em Istambul (Turquia), realizada em junho de 1996 para debater sobre as cidades, especialistas estimaram também, que metade da água potável dos países em desenvolvimento é ilegalmente desviada ou desperdiçada. Nos países desenvolvidos, esse índice é de 12%.
"A água será o problema mais crucial para a humanidade no próximo século", destacou Wally N'Dow, secretário geral da Conferência. No Brasil o consumo per capita diário é estimado em 200 litros. Nas grandes cidades, a média geral é de 67 litros.
O País possui entre 12 e 14% das reservas de água do mundo. Porém 80% dos mananciais se concentram na Amazônia, região que concentra apenas 5% da população. Restam 20% para abastecer 95% dos brasileiros.
Segundo a revista Superinteressante (7/2000), a perda média da produção de água tratada no país é de 40%. No estudo científico "Vital Signs", de 1993, editado pelo Worldwatch Institute, os pesquisadores Lester Brown, Hal Kane e Ed Ayres chegaram a uma conclusão assustadora: a capacidade da Terra em fornecer o suprimento de água necessário à vida da população terrestre está esgotando-se.
Os problemas de água atingem hoje principalmente o Oriente Médio, o norte da África, a Ásia Central e a África "subsaariana" (próximo ao deserto do Saara). Mas também há problemas na China Ocidental, no Oeste e Sul da Índia, no Oeste da América Latina e em grandes regiões do Paquistão e do México. "As guerras do século XX foram por petróleo. As do século XXI serão por água", previu o vice-presidente do BIRD para o desenvolvimento sustentado, Ismail Serageldin.
A possibilidade de conflitos bélicos pelo controle dos recursos hídricos se justifica pela simples razão de que cerca de 220 grandes reservas de água na Terra ficam em regiões de fronteira (dados da Unesco). Segundo um relatório do BIRD, serão necessários 800 bilhões de dólares em investimentos, nos próximos 10 anos, para evitar que o mundo sofra uma seca sem precedentes.
Os recursos disponíveis até o momento não passam de 40 bilhões. Pesquisas da Organização Mundial da Saúde comprovam que 1,2 bilhão de pessoas não dispõe de água potável para uso doméstico; 80% das doenças e 30% dos óbitos registrados são causados por água contaminada. No total, 26 nações possuem menos de 1000 m³ de água potável por habitante/ano, o que coloca uma população de 255 milhões de pessoas à beira do colapso.
Segundo a Unesco, o consumo de água no planeta, de 1900 para 1995, aumentou de 6 a 7 vezes, mais que o dobro do crescimento da população no período. Mas a água disponível caiu de 12.900 m³/pessoa/ano, em 1970, para 7.600 m³, em 1995.
Nos últimos 20 anos o consumo per capita de água dobrou no Brasil, e a expectativa é de que dobre outra vez nos próximos vinte anos. Mas a disponibilidade de água per capita atualmente é três vezes menor do que em 1950. Segundo a OMS, 72 brasileiros em cada 100 contam com sistema de abastecimento de água.