Apesar de ser pequena a parcela de ocorrência de água doce superficial, é nela que vive 41% de todas as espécies de peixes (Barlow e Clarke, 2003), o que demonstra a importância da preservação da qualidade da água superficial, não só pela preservação da espécie humana, mas para a sobrevivência de muitas formas de vida.
A quantidade de água superficial e de fácil acesso é de 0,27%, e está distribuída entre rios, charcos, pântano e arroios.
No Brasil, o clima predominantemente tropical e a dimensão do território brasileiro contribuem para o país deter uma das maiores reservas de água doce do mundo, contando com 12% da quantidade de água doce superficial disponível no planeta.
O conceito de poluição hídrica é abrangente, e pode ser entendido como a mudança na qualidade física, química, radiológica ou biológica da água, causada diretamente pelo homem ou por suas atividades, e que pode ser prejudicial ao uso presente, futuro ou potencial deste recurso natural.
As fontes de poluição dos recursos hídricos, causadas por atividades desenvolvidas pelo homem são as mais variadas possíveis, elas vão de lançamentos de esgoto doméstico a complexos resíduos industriais.
A matéria orgânica existe naturalmente nos cursos de água e tem como origem, por exemplo, a decomposição de massa vegetal. O meio em busca do equilíbrio se em condições aeróbicas a oxida, sendo este fenômeno chamado de autodepuração. No entanto existe uma limitação para a quantidade possível de ser degradada, quantidade esta que é determinada pelas características do corpo hídrico (Braga et al.,2006).
Um forte componente no aumento da poluição orgânica em cursos de água localizados em grandes centros urbanos é a contaminação de suas águas por esgoto doméstico (Cunha et al., 2005). A matéria orgânica presente em águas que passam por regiões densamente habitadas é fundamentalmente de origem antrópica (gerada pelo homem), fazendo deste tipo de esgoto doméstico a principal fonte de poluição com esta característica.
O lançamento de esgoto doméstico sem tratamento ou com tratamento ineficiente promove não só a diminuição da quantidade de oxigênio dissolvido presente na água, mas principalmente produz efeitos danosos à saúde (Jordão et al., 2005).
No Brasil são geradas anualmente 2,9 milhões de toneladas de resíduos industriais perigosos, destas apenas 850 mil são tratados adequadamente, sendo o restante depositada indevidamente em lixões ou descartadas em cursos de água sem qualquer tipo de tratamento (Jimenez et al., 2004).
Os metais pesados são um problema sério por causa dos riscos associados com sua acumulação no meia ambiente, podendo ser transferido para a cadeia alimentar, são bioacumulativos e sua distribuição é progressivamente alternada pela atividade econômica que os libera em concentrações pontuais (Bidone et al., 2000).
A contaminação da água por resíduos químicos pode causar sérios danos a saúde dos usuários destas águas, não somente através do consumo de alimentos produzidos com elas, mas também pelo uso destas na higiene pessoal (Mirlian et al., 2005). Mesmo após tratamento a água para consumo humano pode conter metais pesados, visto que uma estação de tratamento de água convencional, não elimina estes metais, se presentes na água bruta (Machado et al., 2005).