Um aquífero é uma formação geológica que pode armazenar água subterrânea por meio da infiltração natural. O Sistema Aquífero Guarani (SAG) recebeu este nome pelo geólogo uruguaio Danilo Anton em memória do povo indígena da região.
Este aquífero é a principal reserva subterrânea de água doce da América do Sul e um dos maiores sistemas aquíferos do mundo, ocupando uma área total de 1,88 milhões de km2 na Bacia do Paraná e parte da Bacia Chaco-Paraná.
Desta área, 68% está no Brasil, 21% na Argentina, 8% no Paraguai e 3% no Uruguai, extensão equivalente aos territórios de Inglaterra, França e Espanha juntos. Sua maior ocorrência no território brasileiro abrange os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O aquífero todo tem uma área de recarga de 150.000 km2, e é constituído pelos sedimentos arenosos da Formação Piramboia na base (Formação Buena Vista na Argentina e Uruguai) e arenitos Botucatu no topo (Missiones no Paraguai, Tacuarembó no Uruguai e na Argentina).
O Aquífero Guarani constitui uma importante reserva estratégica para o abastecimento da população, para o desenvolvimento das atividades econômicas e lazer.
Sua recarga anual, principalmente pelas chuvas, é de 160 km3/ano, sendo que desta, 40 km3/ano constituem o potencial explorável sem riscos para o sistema aquífero. Suas águas, em geral, são de boa qualidade para o abastecimento público e outros usos, sendo que em sua porção confinada, os poços podem chegar a 1.500 metros de profundidade, com vazões superiores a 700 m3/h.
Em Bauru esse aquífero ocorre em profundidades que variam de 100 a 300 metros e espessuras entre 40 a 300 metros.
Apesar de o SAG estar presente em todo município de Bauru, suas características variam bastante. Nas porções norte e oeste ele é mais espesso e encontra-se recoberto por rochas básicas, o que demanda poços com maiores profundidades, mas com vazões muito boas.
Na medida em que se desloca para o oeste, próximo às divisas com o município de Piratininga, processos geológicos fizeram o aquífero perder espessura, não ocorrendo as rochas básicas e nem a Formação Botucatu. Dessa forma, ele não apresenta boas vazões e o contato superior se dá diretamente com o Aquífero Bauru. Por esse motivo a região é abastecida predominantemente pelo manancial do Rio Batalha.
Referências
Assine M.L., Piranha J.M., Carneiro C.D.R. 2004. Os paleodesertos Pirambóia e Botucatu. In: Mantesso Neto V., Bartorelli A., Carneiro C. D. R., Brito Neves B.B. (org.). Geologia do continente sul-americano: evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. São Paulo, Beca, p. 77-92
HIRATA, Ricardo; KIRCHHEIM, Roberto Eduardo; MANGANELLI, Alberto. Diplomatic advances and setbacks of the Guarani Aquifer System in South America. Environmental Science & Policy[S.l.], Elsevier BV, n. , p. 384-393, 2020. Disponível em: < https://doi.org/10.1016/j.envsci.2020.07.020 > DOI: 10.1016/j.envsci.2020.07.020.